Para além do espetáculo que sem deixar de ser “demonstração” é de agrado certo, há a referir que tudo assenta numa cuidada pesquisa que coloca o grupo entre os representativos do país, não só no que balha, como no que canta e no que traja.

Claro que nada do puro nem do genuino,que isso seria uma utopia.

Quando em 1970 iniciámos a pesquisa que demos por terminada em 2005, não íamos a zero, já que por diversas razões que não importa aqui referir agora,  tínhamos interiorizando muito das vivências de então.

Na verdade, os heróis da História de Montargil, não foram nomes sonantes mas gente anónima cuja odisseia não pode ser ignorada, e que descalços, farnel aos ombros nos alforges dos homens ou nos cestos à cabeça das mulheres que faziam quilómetros e quilómetros dormindo ao relento, trabalhando de sol a Sol. Partilhando com o gado os “quartéis” de ocasião, faziam do campo a “creche” da caterva de filhos, que criaram tirando da sua boca para a eles nada faltar. E nada fácil terá sido a subserviência em que viveram, nem a luta que terá sido necessária para defender as fronteiras da dignidade.

É uma História que não pode ser omitida. Mas, claro, Alves Redol e outros “contaram-na” melhor, mas aí não chegam os meus dotes.