Trajes

 

              O TRAJE

“COPA” assim lhe chamavam

                                

 

     O TRAJE era noutros tempos um factor que muito caracterizava quem o vestia

 

     Eram  os trajes de “camponesa” nas suas diversas fainas— ceifeira, aguadeira, mondadeira, arranque do mato, apanha da azeitona; e o de camponês (no geral); de tirador de cortiça, de lagareiro, de carroceiro, de noivo e de noiva, de domingo e dia de festa; de cavador, de lavrador/lavardor.

     Vestia-se pobre em Montargil, o que não significa que em especial a mulher não vestisse “bonito“. O fato de “camponesa” era sempre igual, com uma ou outra pequena alteração em função da actividade que ia desempenhar, e a natural mudança de utensílio de trabalho; o fato “domingueiro” e de uma maneira geral também, quer para homens quer para mulheres, era o que servia para todas as festividades, como por exemplo “ir à missa” ou” ir à festa”, ir a um casamento ou a um baptizado.

 

     Tanto quanto sabemos, o nosso trajo de camponesa é único no país, o que demonstra bem como localmente se criou uma cultura muito própria, diferente de tudo o que, mesmo ali ao lado existia.

 

      Na aldeia ribatejana de Santa Justa, o trajo de camponesa só na blusa difere do nosso. Por tudo isto, se compreende também o interesse que estudiosos de outras regiões denotam pela imagem das mesmas.

 

     Quanto ao homem, e numa leve excepção ao que atrás dizemos, se o mesmo o “podia” fazer, tinha um fato para o domingo e outro para dias de festa. Este de fazenda de lã e camisa branca de popelina,”com frente” e presilha. Outros, embora usassem a dita camisa branca, vestiam calça, colete e jaqueta (lá um por outro) de cotim, às riscas ou mesmo liso. A camisa de semana era de riscado de lã.

 

     Por sua vez a Mulher vestia blusa de tobralco, de “piquê” ou mesmo “chita “e a saia era de “sarja”

 

      No que respeita ao calçado e de uma maneira geral, era preto para o domingo e dias de festa, e de “atanado” e sola para a semana.

 

     A saia, sempre comprida, por vezes mesmo até ao artelho.

 

 

Camponesa

 

Blusa com abas e “mangos” (estes de meia velha ou do riscado da saia); saia de riscado escuro, arregaçada e atada no “cós”   ( se a saia fosse mais curta já não era arregaçada); ceroula de ganga atada em baixo; chapéu sobre o lenço e

 este, conforme a época do ano, atado atrás, em cima sobre o chapéu ou à frente; meias escuras de cordão (ou sem meias); sapato de atanado e de sola, sendo que na maioria do tempo anda

vam descalça.

Quanto à maneira como

 e onde atava o lenço, em tempo frio era atado à fren

te e por vezes tapando o próprio queixo; em tempo de calor era então atado em cima sobre o chapéu ou atrás.

 

Tratando -se de um contrato à semana ou à quinzena, quando à segunda-feira a camponesa ia para o trabalho, vestia uma outra saia mais comprida sobre a que levava ( se fosse curta, porque se fosse “arregaçada” já tinha que despir esta)e punha ainda  um avental de variados tamanhos e feitios),e metido no cós um lenço. Saia e avental que retirava ao chegar ao trabalho, voltando a vestir no dia do regresso a casa. Se no entanto era para vir dormir a casa, levava logo e apenas o fato com que ia trabalhar.

 

 

 

Trajo Domingueiro de Mulher

 

Blusa de chita, com aba; avental grande, a 1/3 da bainha da saia; Saia de “baeta” e de vários outros tecidos ( sem fibra); Franzida; comprida até aos artelhos; lenço vulgar, sem chapéu; quando em cabelo usava carrapito; meias de “fio de escoce”; sapato preto que podia ser abotinado, de meio salto e atacoado de sola.

 

Outros tecidos para a blusa: popelina e piquê. Outros tecidos para a saia: marino, piquê e lã (fazenda). Para

 o avental: opalina.

 

De referir que o trajo domingueiro era também o de ir à missa e a festas podendo acabar por ser usado “de semana” quando já bastante usado.

A  blusa podia não ser com aba.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Trajo de semana para a Mulher

 

Até que terminasse em rodilhas, o trajo domingueiro poderia ser o da semana quando já muito usado, isto no que respeita à blusa e à saia, mas a mulher também vestia fato propositadamente feito para a semana. Não era de cores tão garridas, e a blusa era de chita ,e a  saia  de riscado.  As meias eram de cordão, e os sapatos de atanado e sola. Em vez da bolsa domingueira, usava um taleigo de retalhos.

 

 

 

 

 

 

Trajo da semana do homem

( de ir para o trabalho—de trabalhar em certas fainas)

 

CAMISA de riscado, com “tira” (ou colarinho), com frente e presilha;

CALÇA de cotim (ferro, militar ou outro),à boca de plaina, ou direita, bolsos direitos, e aberta atrás com presilha;

COLETE de cotim, que poderá ou não ser igual ao das calças;

Lenço enfiado numa das “casas” do lado esquerdo;

MEIAS escuras de algodão.

 

BOTA ou SAPATO de atanado, de salto raso. Cardado.

CARAPUÇA no Inverno. CHAPÉU de feltro no verão.

Havia quem usasse meias ou andasse descalço

 

 
 

 

 

 

 

 

Trajo domingueiro do homem

 

CAMISA branca, de popelina, com colarinho independente (se o tiver), de “tira” Com frente e “presilha”, esta para abotoar nas ceroulas; Se tiver colarinho, este fixa-se atrás e à frente com botão de pé.

 

Havia também popelinas de outras cores, usando-se o branco (quando se usava, claro) mais em cerimónias como casamentos e baptizados.

 

CALÇA de surrobeco  amarelo ou outro tecido de pura lã,”estreitinha” ou à “boca de plaina”. Bolsos direitos.Com presilha atrás;

COLETE do mesmo tecido das calças; JAQUETA igualmente do mesmo tecido e podendo ser “remontada”;

 

Mas nem toda a gente podia adquirir estes tecidos, pelo que usavam camisa de riscado e calça, colete e jaqueta de cotim.E nem todos usavam jaqueta.

 

 

CINTA preta de cetim, com uma parte com “cadilhos” 

caída para o lado esquerdo.

BOTA (e mais tarde SAPATO) atacoada. Fina. De calfe. Preta. Posteriormente bota-de-elástico.

 

CHAPÉU de aba larga. Ou carapuça.

De uma maneira geral, a “calça direita”vestia com bota e a calça “à boca de plaina”com sapato.