O Cinema
O Cinema na nossa terra
A primeira sessão de cinema foi em Paris a 28 de Dezembro de 1894 , e à nossa terra terá chegado em 1918/1920. A guerra terminara em 1918, e José Cândido regressava do Brasil para onde fugira para não ser “alistado” para a mesma com ele terá vindo a ideia de oferecer cinema aos conterrâneos.
Estávamos na era do “mudo”, e ainda hoje, na casa, ainda lá está a “janela” por onde o “criativo” Vìtor Brazagal projetava para o quintal. E criativo (Victor Brazagal) porque entre outros inventos chegou a construir umas asas para voar.
Entretanto, começaram a vir aí alguns ambulantes que davam cinema ao ar livre, e o fizeram no quintal do Dr.Amândio e depois no quintal do Zé da Amieira. No primeiro recordo-me, era criança, caiu uma grande trovoada quando esta a ser projectado o filme “Maria Papoila”, mas passada a trovoada o filme continuou.
Começaram então a vir “barracas” que instaladas no largo onde hoje é o Jardim aqui estavam algum tempo. Há aí uns setenta anos que entre outros aqui começaram a vir o Araújo e o Mariani.
Em Dezembro de 1953 foi inaugurado o “Salão Paroquial”, sendo projecionista o senhor Manual Barrela (grande músico) mas três anos depois era o senhor Artur, que andava no cinema ambulante, que ocupa o seu lugar, apresentando a primeira sessão no dia de Natal de 1956. Antes, porém, mesmo em Montargil deu inúmeras sessões ,tendo-se estreado na primeira feira local.
As cadeiras eram a cinco escudos e as bancadas a vinte e cinco tostões e três e quinhentos. Sessões ao domingo, por vezes duas sessões e com casa sempre cheia.
Alguns filmes: Capas Negras, Parabéns senhor Vicente, Um Homem do Ribatejo, Tortura da Carne, A Tosca, Os Miseráveis...
Mas voltemos ao Salão e é o senhor Artur (Artur Clemêncio da Silva—vulgo Artur Bogalhão) que nos conta.
Era a altura da construção da Barragem, davam duas sessões ao domingo e às vezes uma ao sábado, sempre esgotadas. As entradas eram a três escudos, cinco escudos e sete e quinhentos.
A crise do cinema chegou com o “vídeo”, mas ver cinema numa sala, é bem diferente, para melhor, diz-me.
O senhor Artur foi ainda projecionista na Casa do Povo, em sessões quinzenais, em organização da então FNAT ( hoje INATEL).
Lino Mendes